ALMAS GÊMEAS EXISTEM?

Você acredita nesta premissa? Eu também acredito, desde que estivermos falando do abacate.

Assim como o Papai Noel e o coelhinho da Páscoa, que passavam na casa de muitos amigos e na minha não, porque eu tive uma infância desafiadora, sinto muito em dizer: não existe. (risos)

Fico me perguntando o esforço hercúleo e incansável de indivíduos que buscam encontrar sua tampa da panela, metade da laranja, o encaixe perfeito em seus encontros afetivos.

Ao escrever este texto, fui atravessado por uma memória afetiva de minha mãe: ela era sábia e não sabia disso, pois dentre seus inúmeros jargões, dizia: “sempre há uma tampa para uma panela velha”, “um chinelo para um pé cansado”. A princípio, de que panela e de que pé estamos falando? Questionamentos que dizem de nós, de nossa essência, do que buscamos enquanto nossa medida.

Hoje, analisando essas frases, concluo que de fato sempre haverá alguém, mas não necessariamente será a tampa que feche precisamente sua panela ou o chinelo do número de seu pé. Relacionamentos reais são assim mesmo, não existirá encaixe perfeito.

A provocação que eu faço é: o que fazemos com essas diferenças? Projetamos na pessoa amada as nossas melhores intenções e criamos expectativas que dizem sobre nosso universo singular, e que não necessariamente serão cumpridas?

Será que esse outro, por ser o parceiro escolhido por mim, tem a obrigação de contemplar meus desejos? Será que ele me frustra ou é a responsabilidade por minha existência que delego em suas mãos?

O que não nos damos conta é que essa crença, invariavelmente, é e será a nossa derrocada, se continuarmos pensando dessa forma.

Digo isso, não com o objetivo de fazer apologia a permanecermos em relacionamentos tóxicos e abusivos, mas que sejam escolhidos de um modo sensato, responsável e sem a espera de grandes furos de amor.

Você deve me perguntar: Marcos, mas eu vivi ou mesmo vivo uma relação assim?

Ao invés de resposta, devolvo uma reflexão: quanto nessa relação havia de investimento na forma de respeito, disponibilidade e concessão de modo a viver o real e palpável, a fim de independentemente das diferenças, fazer dar certo?

Psicólogo Marcos Yorinobu

Compartilhe nas Redes Sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

3 × 5 =