“só aquele que foi educado na ‘escola da ansiedade’ – isto é –, se defrontou e resolveu experiências anteriores de ansiedade – está apto a enfrentar as experiências presentes e futuras, sem ser por elas derrotado”
Inicio o texto de hoje com essa ilustre frase de Kierkegaard, considerado o primeiro filósofo existencialista.
Todos, em menor ou maior grau, estamos sujeitos à ansiedade: uns preferem racionalizá-la, outros narcotizá-la e outros, ainda, evitá-la. Diante de uma adversidade, devemos nos preparar para “enfrentar-ou-fugir”. A fuga pode gerar problemas futuros; a luta, embora penosa, pode trazer grandes benefícios.
A ansiedade, como qualquer outro tipo de emoção disfuncional, sinaliza o quanto a pessoa acometida por esse sentimento não está ancorada no “aqui e agora”; encontrando-se num futuro ou mundo paralelo, na maioria das vezes, sob uma ótica muito pessimista e descontrolada.
Nota-se um esforço, muitas vezes hercúleo, do indivíduo para manter o controle das circunstâncias e/ou pessoas, a fim de se preparar ou dar conta do que está por vir. Porvir este, que perpassa o presente, impedindo-o de enxergar a realidade de um modo mais salutar, tranquilo e sem projeções.
Quando estamos presentes no agora, despendemos menos energia no “amanhã”, movimentamo-nos e a canalizamos a outras circunstâncias como criatividade, vigilância, consciência e gosto pelo que temos e vivemos no hoje.
Como não poderia ser diferente, sinto a necessidade de provocar: será que temos o controle de nosso futuro, das pessoas amadas, da vida e das frustrações que nos atravessam?
Levando em conta que somos seres de um potencial incrível, e que temos, sim, o controle dos nossos atos, ao contrário das circunstâncias e pessoas, convido-lhe a fazer as pazes com a sua ansiedade. Imagino que para alguns, ela já se faz companhia há muitos anos e, se pensarmos, já a conhecemos. O que cabe agora é cada um fazer uso dessa emoção em seu benefício, tornando-a funcional… Como? Vivendo o hoje de um modo construtivo, inteiro e sem trapaças, para que se possa, com os pés ancorados no chão, viver o real, palpável, a fim de projetar, criar e ser feliz!
Vamos acolher nossa ansiedade, dando o dedinho mindinho, para fazermos as pazes?