Desafiador este tema, mas de suma importância abordá-lo. Se fizermos um exercício de resgate de experiências afetivas anteriores, certamente encontraremos subsídios comprovadores de que já estivemos em relações abusivas ou, quiçá, vivemos em uma há anos: desvalorização de aspectos fundamentais como autoestima, amor-próprio, equilíbrio emocional, autoconhecimento, respeito, entre outros diversos.
Nos tornamos reféns sem algemas nem cativeiro.
Tenho consciência do quão difícil é percebermos que estamos num relacionamento ruim porque muitas vezes não aprendemos desde crianças o que é estar num relacionamento saudável, como também, dependendo do momento em que vivemos, a anulação é tão soberana, que o nosso querer/desejo não é suficientemente poderoso a fim de sustentar reflexões possíveis, como:
– É o medo de ficar só?
– É ruim com a pessoa e pior sem ela?
– Com o relacionamento tenho o que preciso por isso que eu fico?
– Nós temos filhos e a separação traumatizará a criança?
– Eu sou financeiramente dependente da pessoa com quem me relaciono?
O que me mobilizou a escrever sobre este tema foi a intenção de promover uma reflexão construtiva e que não se dá na ordem do separar-se ou não, embora alguns casos sejam necessários. Anterior a isso é necessário avaliar o que está em jogo na história, o que se renuncia com a tomada de decisão: compreensão e resgate de si mesmo, sua personalidade, seus sonhos e desejos. Como tem cuidado de si? Tem responsabilizado outra pessoa por esses sonhos e cuidados? Que recursos tem em suas mãos para tomada das rédeas de sua existência?
Encerro informando que, infelizmente, diferentes dos contos de fadas, não atentarmos a estes aspectos será o mesmo que vivermos outras histórias com personagens diferentes, mas repetindo a mesma dinâmica afetiva disfuncional.
Não naturalize, não se acostume com o que não é leve e com aquilo que te faz sofrer…